O impacto do blockchain nas cadeias de valor: um olhar sobre a PI, a criptomoeda nascida na Universidade de Stanford

Quando meu enteado, Caetano Christophe, me contou sobre os quatro criadores da rede The Pi Network, o antropólogo Chengdiao Fan, os cientistas da computação Nicolas Kokkalis e Aurélien Schiltz e o especialista em negócios Vince McPhilip, todos da Universidade de Stanford, eu me perguntei por que eles criaram mais uma criptomoeda.

Na verdade, indo mais fundo, a Pi, assim como o Google em 1998, representa uma disrupção revolucionária no mercado de criptomoedas. Vou tentar justificar essa afirmação a partir daqui.

Para isso, voltarei 23 anos no tempo, quando no final de 1998, em uma reunião com um provedor de LMS da Espanha, conheci a página minimalista do Google.

Como sempre faço quando um novo produto/serviço com uma boa dose de inovação disruptiva, vindo de uma fonte confiável (veja o rodapé da imagem acima), aparece no meu celular, testo o que é, como funciona e o que tem de diferente e, por que não, como pode beneficiar meus negócios ou, claro, prejudicá-los.

Google from Stanford University: a revolução da busca

É o mesmo pensamento questionador típico dos inovadores que Larry e Sergei tiveram quando analisaram os buscadores pioneiros Archie, 1990; Wandex, 1993; Excite, 1993; Yahoo!, 1994.

O grande problema com o sistema de diretório que era usado até aquele momento (1996) era que as combinações de palavras não funcionavam bem e a maioria dos resultados estava relacionada à propaganda de produtos que os anunciantes tentavam empurrar para os usuários.

No entanto, o projeto de Sergei e Larry, então alunos da Universidade de Stanford, foi o ponto de partida para o que se tornaria uma das maiores empresas de tecnologia do mundo. Na época, Larry Page e Sergey Brin teorizaram sobre um mecanismo de pesquisa em que a relevância desempenhava um papel maior do que o número de vezes que um termo aparecia na primeira página.

A ideia era relativamente simples: o número de vezes que uma página da web era incluída em outro site indicava a extensão de sua utilidade ou relevância para os usuários da Internet. Eles entendiam o link de um site para outro como uma espécie de recomendação. Uma das métricas mais utilizadas surgiu de vários motores de busca atuais: o PageRank.

PI, a criptomoeda inovadora nascida (também) na Universidade de Stanford

Como Larry Page e Sergey Brin, estudantes de PhD da Universidade de Stanford, Chengdiao Fan, Nicolas Kokkalis e Aurélien Schiltz pensaram sobre o que poderiam fazer de diferente em relação às moedas atuais com base na tecnologia blockchain.

Questionar por que todos os carros de bombeiros são vermelhos e, por outro lado, os das escolas são amarelos, está no cerne do pensamento inovador.

Um passo atrás: por que as criptomoedas são importantes?

Atualmente, nossas transações financeiras diárias dependem de terceiros de confiança para manter um registro de transações. Por exemplo, quando realizamos uma transação bancária, o sistema bancário mantém um registro e garante que a transação seja segura e confiável. Além disso, quando Alberto transfere $ 5,00 para Jorge usando o PayPal, o PayPal mantém um registro central de $ 5,00 debitados da conta de Alberto e $ 5 creditados na conta de Jorge. Intermediários como bancos, PayPal e outros membros do sistema financeiro atual desempenham um papel importante na regulamentação das transações financeiras mundiais.

No entanto, e aqui entra o pensamento questionador dos criadores da Pi, o papel desses intermediários de confiança também tem limitações. Vejamos:

Captura de valor injusta. Esses intermediários acumulam bilhões de dólares na criação de riqueza (a capitalização de mercado do PayPal é de cerca de $ 130 bilhões), mas eles não passam praticamente nada para seus clientes: as pessoas comuns na prática, cujo dinheiro impulsiona uma proporção significativa da economia global. Mais e mais pessoas estão sendo deixadas para trás.

Taxas. Bancos e empresas cobram altas taxas para facilitar as transações. Essas taxas frequentemente afetam de maneira desproporcional as populações de baixa renda que têm menos alternativas.

Censura. Se um determinado intermediário de confiança decidir que você não deve movimentar seu dinheiro, ele poderá colocar restrições à movimentação de seu dinheiro.

Permissões. O intermediário de confiança atua como um gatekeeper que pode impedir arbitrariamente que alguém faça parte da rede.

Pseudônimo. Em um momento em que a questão da privacidade está se tornando cada vez mais urgente, esses poderosos guardiões podem revelar acidentalmente, ou forçá-lo a revelar, mais informações financeiras sobre você do que você gostaria.

O "sistema de caixa eletrônico ponto a ponto" do Bitcoin, lançado em 2009 pelo programador anônimo (ou grupo) Satoshi Nakamoto, foi um divisor de águas para a liberdade do dinheiro.

Pela primeira vez na história, as pessoas puderam trocar valor com segurança, sem a necessidade de terceiros ou intermediários de confiança. Pagar em Bitcoin significava que pessoas como Alberto e Jorge podiam pagar uns aos outros diretamente, contornando taxas institucionais, obstruções e intrusões. Bitcoin era realmente uma moeda sem fronteiras, impulsionando e conectando uma nova economia global.

Problema: a centralização do poder e o dinheiro colocou as criptomoedas de primeira geração fora de alcance

Nos primórdios do Bitcoin, quando apenas algumas pessoas trabalhavam para validar transações e minerar os primeiros blocos, qualquer um poderia ganhar 50 BTC simplesmente executando o software de mineração de Bitcoin em seu computador pessoal. À medida que a moeda começou a ganhar popularidade, os mineiros espertos perceberam que poderiam ganhar mais se tivessem mais de um computador funcionando na deles.

Conforme o Bitcoin continuou a aumentar em valor, empresas inteiras começaram a surgir. Essas empresas desenvolveram chips especializados ("ASIC") e construíram enormes farms (fazendas) de servidores usando esses chips ASIC para minerar Bitcoin. Na América Latina, essas fazendas estão próximas de fontes baratas de eletricidade, por exemplo, no Paraguai, que vende o excedente de energia de Itaipu a baixo custo.

O surgimento dessas corporações de mineração enormes e conhecidas alimentou a corrida do ouro de Bitcoin, tornando difícil para as pessoas comuns contribuírem para a rede e serem recompensadas. Seus esforços também começaram a consumir quantidades cada vez maiores de energia para a computação, contribuindo para o aumento dos problemas ambientais em todo o mundo.

A facilidade para extrair Bitcoin e o subsequente aumento das fazendas de mineração de Bitcoin rapidamente produziram uma centralização massiva do poder de produção e a riqueza na rede Bitcoin.

Para dar algum contexto, 87% de todos os Bitcoins agora pertencem a 1% de sua rede, muitas dessas moedas foram extraídas virtualmente de graça em seus primeiros dias. Como outro exemplo, Bitmain, uma das maiores operações de mineração de Bitcoin, gerou bilhões em receitas e lucros.

A centralização do poder na rede Bitcoin torna isso muito difícil e caro para a pessoa média. Se você deseja adquirir Bitcoin, suas opções mais fáceis são:

Minere você mesmo. Saiba que, como você estará competindo contra enormes farms de servidores ao redor do mundo, consumindo tanta energia quanto o país inteiro da Suíça, não será capaz de extrair muita coisa.

Compre Bitcoin em um Exchange. Hoje, você pode comprar Bitcoin a um preço unitário de muitos milhares de dólares (observação: você também pode comprar uma quantidade fracionária de Bitcoin!). Claro, você também estaria correndo um grande risco ao fazer isso por causa do preço do Bitcoin – é bastante volátil.

O Bitcoin foi o primeiro a mostrar como as criptomoedas podem perturbar o modelo financeiro atual, dando às pessoas a capacidade de fazer transações sem ter um terceiro no caminho.

Maior liberdade, flexibilidade e privacidade continuam a impulsionar a marcha inevitável em direção às moedas digitais como uma nova norma.

Apesar de seus benefícios, a concentração de dinheiro e poder do Bitcoin (provavelmente não intencional) apresenta uma barreira significativa para a adoção generalizada.

A equipe principal do Pi realizou pesquisas para tentar entender por que as pessoas relutam em entrar no espaço das criptomoedas.

As pessoas mencionaram constantemente o risco de investimento/mineração como uma barreira importante para a entrada.

Solução: Pi – Habilitação da mineração em telefones celulares

Depois de identificar essas barreiras-chave para a adoção, a Equipe Central do Pi (Pi Core Team) decidiu encontrar uma maneira que permitisse que pessoas comuns explorassem (ou ganhassem recompensas em criptomoedas para validar transações em um livro-registro de transações distribuídas).

Como lembrete, um dos principais desafios em manter um log de transações distribuídas é garantir que as atualizações desse log aberto não sejam fraudulentas.

Embora o processo do Bitcoin para atualizar seu registro seja comprovado (queima de energia/dinheiro para demonstrar confiabilidade), ele não é muito amigável para o usuário nem para o planeta.

Para Pi, era um requisito de design adicional empregar um algoritmo de consenso que também fosse extremamente fácil de usar e, de preferência, permitisse a mineração em computadores pessoais e telefones celulares.

Ao comparar algoritmos de consenso existentes (o processo que registra as transações em um livro-razão distribuído), o Stellar Consensus Protocol surge como o candidato principal para permitir mineração móvel, fácil de usar. 

O Stellar Consensus Protocol (SCP) foi desenvolvido por David Mazières, professor de Ciência da Computação em Stanford, que também atua como cientista-chefe na Stellar Development Foundation. O SCP usa um novo mecanismo chamado Acordos Federados Bizantinos para garantir que as atualizações de um livro-razão distribuído sejam precisas e reais.

Adaptações de Pi ao Stellar Consensus Protocol (SCP)

O algoritmo de consenso Pi é construído em SCP. O SCP foi formalmente testado [Mazieres 2015] e está atualmente implementado dentro da Stellar Network. Ao contrário da Stellar Network, que consiste principalmente em empresas e instituições (por exemplo, IBM) como nós da rede, Pi pretende permitir que os dispositivos das pessoas contribuam em nível do protocolo e sejam recompensados, incluindo telefones celulares, laptops e computadores. A seguir está uma introdução de como Pi aplica SCP para permitir a mineração por indivíduos.

Quatro funções que os usuários de Pi podem desempenhar, como mineiros de Pi.

A saber:

Pioneiro/Pioneer. Um usuário de aplicativo móvel Pi que simplesmente confirma diariamente que não é um "robô". Este usuário valida sua presença sempre que faz login no aplicativo. Eles também pode abrir o aplicativo para solicitar transações (por exemplo, fazer um pagamento no Pi para outro Pioneer).

Contribuidor/Contributor Um usuário do aplicativo móvel Pi que contribui fornecendo uma lista de pioneiros que conhece e em quem confia. Juntos, os colaboradores do Pi construirão um gráfico de confiança global.

Embaixador/Ambassador Um usuário do aplicativo móvel Pi que está apresentando a rede Pi a outros usuários.

Nó/Node. Um usuário que é um pioneiro, um colaborador que usa o aplicativo móvel Pi e também executa o software do nó Pi em seu desktop ou laptop. O software do nó Pi é o software que executa o algoritmo central do SCP, levando em consideração as informações do gráfico de confiança fornecidas pelos Colaboradores.

Um usuário pode desempenhar mais de uma dessas funções. Todas as funções são necessárias, então todas as funções são recompensadas com Pi recém-cunhado diariamente, desde que tenham participado e contribuído durante aquele determinado dia. Na vaga definição de um "mineiro", que é um usuário que recebe uma moeda recém-cunhada como recompensa pelas contribuições, todos os quatro papéis desempenhados são considerados mineiros Pi.

Definimos "mineração" de forma mais ampla do que seu significado tradicional que equivale à execução de um algoritmo de consenso de prova de trabalho como em Bitcoin ou Ethereum.

Impacto da PI na economia

Com certeza, se você é como eu, um empresário ou um profissional, ou ambos, apaixonado por inovação disruptiva, então você pode imaginar como o conceito de PI impactará, como o Google fez, todos os setores: serviços de saúde, financeiros, cadeia de valor do agronegócio, produção de alimentos e bebidas, entretenimento, educação, especialmente ensino superior, comércio varejista e atacadista, marketplaces em geral.

Um cenário perfeitamente plausível é a perda pelos Estados do monopólio de criação e controle das moedas.

Deixo a pergunta: como você imagina seu país, seu setor, sua profissão em tal cenário?

Como diz Yuval Noah Harari em "Sapiens: uma breve história da humanidade", a moeda (ou melhor, a história de algo sem valor intrínseco como uma nota de um dólar em que todos confiamos) é a maior ficção em que o Homo Sapiens acredita.

Para entender essas novas tecnologias, sempre dei o passo de adotá-las assim que são lançadas. Eu sou um early adopter inveterado e encorajo você a ser um também.

Como expliquei neste artigo, Pi é uma nova moeda digital desenvolvida por PhDs de Stanford, com mais de 10 milhões de usuários em todo o mundo (março de 2021).

Para começar a entender o conceito de Pi, siga este link https://minepi.com/aldrovandi e use meu nome de usuário (aldrovandi) como código de convite.

Este artigo foi originalmente escrito por Jorge Aldrovandi em espanhol e traduzido para o português pela equipe de Babel-Team. Contém conceitos extraídos do PI White Paper e adaptado para a América Latina com exemplos de sua experiência profissional.